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terça-feira, 31 de maio de 2011

Especial - A Viagem de Chihiro



Eu digo que A Viagem de Chihiro é realmente uma viagem. No sentido literal da palavra.
Há pouco tempo fiquei sabendo sobre a admiração dos estúdios americanos (Disney) por um certo estúdio oriental, o Studio Ghibli e seu principal artista, o desenhista, roteirista e diretor Hayao Miyazaki.  Acredito que o seu maior expoente nas terras ocidentais foi à animação japonesa A Viagem de Chihiro, que nos EUA ficou conhecida como Spirited Away.  Como ainda não conhecia, e por se tratar de um filme infantil, convidei a minha filha a acompanhar comigo essa maravilhosa obra oriental.

O roteiro é simples, porem belo. Seguindo uma estrutura de episódios, acompanhamos a menina Chihiro, que no começo do filme demonstra contestação em se mudar para uma nova casa. A caminho do seu novo lar, seu pai se perde por uma estrada, assim descobrem um parque temático abandonado. Eles resolvem explorar o local, a menina resoluta tenta convencê-los do contrario. Ao achar uma banca de comida praticamente abandonada seus pais resolvem se fartar, enquanto Chihiro rejeita a comida e vai explorar mais o local. Assim ela encontra Haku, um garoto que avisa para se afastar daquele dali antes do por do sol. Mas seu aviso chega tarde demais, e Chihiro mergulha em outra dimensão. 

O longa me lembrou muito o clássico de Lewis Carroll Alice no País das Maravilhas. Assim como me passou aquela sensação dos RPGs da Square Enix, possivelmente pelos desenhos japoneses. O filme é cheio de simbologias, e admito é um pouco pesado para crianças. Algumas partes são assustadoras, e não fica bem claro o que acontece no contexto geral do longa. Pela minha interpretação Chihiro estava em um mundo espiritual, em contato com outras formas de vida, em uma dimensão paralela á nossa. Assim ela enxergava seus pais, que foram transformados em porcos pela forma como comiam, como aqueles seres que também estavam do outro lado. Alguns deles, como Haku conseguia se manifestar nos dois mundos. 

Alem de ter uma interpretação mais difícil para crianças, é um filme demasiadamente longo. Duas horas é muito tempo para prender uma criança de oito anos na cadeira. Assim a impaciência dela começou a me incomodar, me atrapalhando a absorver melhor do filme. Por outro lado, o longa trata de situações onde se valoriza a amizade, o amor, e mostra que a discriminação é errada, já que não devemos julgar pelas aparências. Ensina também que com  dedicação vem a superação e o amadurecimento. Chihiro que chegou com medo naquele mundo espiritual fez amigos ganhou respeito e fidelidade, conseguindo assim sua volta para sua dimensão e a redenção de seus pais. 

Outro ponto de destaque fica por conta da parte técnica. O filme é todo desenhado em 2D com uma riqueza de detalhes incrível, tanto no gráfico quanto na animação. Acompanhado de uma belíssima trilha sonora.  Merecido o Oscar de melhor animação em 2003. É um lindo filme que deve ser assistido para todos que gostam de cinema. Recomendado sim as crianças, mas pode ser que não agrade tanto. A viagem de Chihiro é mais para adultos.

IMDB: 8,6
NOTA: 8/10
Recomendado para adultos  e crianças que se interessem pela cultura oriental.
Trailer: 



(O Texto a seguir contem spoilers recomendado para quem viu o filme)

Algumas curiosidades:
  • A lanterna que aparece quando a Chihiro vai visitar a Zeniba é uma referência ao mascote da Pixar.
  •  Chihiro é inspirada na filha de um amigo do Miyazaki.
  • Foi este filme que fez o Miyazaki continuar a fazer filmes de animação, visto que depois de realizar o filme "a princesa Mononoke" ele tinha anunciado que se ia retirar da profissão de realizador de anime.

Algumas idéias sobre o filme:

A menina Chihiro muda de dimensão, entrando em um mundo de sonhos, um mundo espiritual. Ou uma dimensão paralela, onde estão os deuses e criaturas do folclore japonês. Este mundo é representado no filme como uma casa de banhos para deuses. Casa de banhos leva a idéia de limpeza, de purificação. 
A menina  é mostrada no inicio como uma criança urbana. Mimada e medrosa. No mundo espiritual ela tem que trabalhar. Ela não esta ali para ser purificada, ali ela auxilia na limpeza dos outros.

Chihiro passa a ter contato com diversos personagens, que podem ser tratados também com seres ou entidades.  O seu primeiro contato é Haku.

Haku tem um papel importante na casa de banhos, ele é o braço direito da senhora do local, e também é um aprendiz de feiticeiro. Entendo que Haku também seja um Deus, já que pode ser transformado em dragão. Mais para o final do livro, ficamos sabendo que Hako é um Rio, que provavelmente tem o formato de um dragão no mundo físico de Chihiro. Haku orienta Chihiro a pedir emprego para Kamaji.

Kamaji tem uma aparência um tanto grotesca, parecendo uma aranha com pernas gigantes, este ser é responsável pelas caldeiras da casa de banhos. Porem sua aparência engana, já que tem um bom coração e ajuda Chihiro em diversos momentos de sua jornada. Ele a recomenda para Lin.

Lin é uma das empregadas do local, e não quer problemas, principalmente quando se envolve uma humana, assim ela trata Chihiro com um pouco de aspereza, mas a garota logo conquista sua confiança, e se torna sua protegida.  Porem isso só acontece depois que Chihiro é apresentada a Yubaba, a dona da casa de banhos. 

Yubaba é uma feiticeira, e comanda todo o local, através de ordens e feitiços. Parece ser uma entidade malévola, já que exige muito de seus funcionários. Chihiro se apresenta a ela, e implora por um emprego, assim Yubaba faz um contrato com a menina, no qual ela toma o seu nome, e a batiza com um outro nome, Sen. 
 
Agora Chihiro não é mais uma garotinha, ela é uma serviçal da casa de banhos de Yubaba, assim ela tem que cuidar do local e recebe diversos deuses. Um deles é o Deus Rio.

Este ser chega trazendo espanto aos funcionários da casa, tanto pela sua forma quanto pelo seu cheio, e o rasto que deixa. Assim Yubaba designa Sen ( ou Chihiro) para receber esta entidade e cuidar de seu banho.  Sen tem sucesso em seu trabalho, assim consegui limpar toda a sujeira desta entidade. O filme mostra que a água assim como a essência usada limpa o Deus Rio que esta cheio de lama e sujeira, como também de entulhos, mostrando que o rio estava poluído. A menina consegui limpar o Deus Rio, que a presenteia com um bolo de ervas. Nesta tarefa Sem é auxiliada  por uma enigmática entidade, o Sem Face. 

O Sem Face é um dos primeiros seres a perceber a presença de Chihiro no mundo espiritual, e passa a acompanhar a garota. É um dos personagens mais interessantes do filme. O Sem Face é um ser que se alimenta do caráter dos outros, e se comporta de acordo com aqueles que dele se aproxima. Mesmo com seu aspecto fantasmagórico, a menina não demonstra medo, e sim generosidade e simpatia pelo ser. Logo ele também retribui ajudando ela com as essências para o banho do Deus Rio.  Mas os funcionários da casa de banho são gananciosos e logo se vendem pelo ouro que o Sem Face oferece a eles. Assim o ser passa a ser bajulado, e também a sofrer influencias do caráter daqueles que o cerca. Se tornando um mostro e destruindo tudo que tem a sua volta sempre tentando obter mais.  Isso causa um caos na casa de banhos, mas a menina consegue controlar o Sem Face dando-lhe um pedaço do bolo de ervas, presente do Deus Rio. Então o Sem Face elimina todo aquele excesso, voltando a sua forma original. Penso que este Sem Face é como uma força que a gente atrai e a molda de acordo com o nosso caráter, para o bem, o nosso bem, ou para o mal, nos prejudicando. 

Zeniba é a irmã gêmea de Yubaba, também feiticeira, ela é roubada por Haku, a mando de Yubaba, assim Zeniba vai até a Casa de Banhos e transforma o filho de Yubaba, um bebe gigante em um ratinho, enganando a irmã. E ferindo Haku que esta na forma de dragão. 
Chihiro usa o resto do bolo de ervas para curar Haku, e também consegue libertá-lo da influencia de yubaba, como também recupera o produto do roubo. Assim ela faz um acordo com Yubaba, de devolver o amuleto que foi roubado para zeniba e em troca pedir que Zeniba devolva o filho de Yubaba. Mas só faria isso com a condição de Yubaba a deixar voltar para seu muito, e devolver seus pais, que estão na forma de porcos. Yubaba aceita.

Com a ajuda de Kamaji ela vai até a casa de Zeniba  em pântano distante. A missão é bem sucedida, assim ela consegue a liberdade, salva seus pais e volta para a casa.

Um filme cheio de simbologias que merece ser visto mais de uma vez, já que tem muito a ser explorado.










2 comentários:

  1. A Viagem de Chihiro é o melhor longa de animação que eu já vi. Este e A Princesa Mononoke eu considero as melhores obras do Miyazaki.

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    1. Oi Victor !!


      Realmente a Viagem de Chihiro é mesmo uma viagem.
      Já separei diversos filmes do Miyazaki para ver depois deste, mas ainda não tive tempo de ver nenhum. Inclusive a Princesa Mononoke está entre eles. Vou ver se dou uma priorizada.

      Obrigado pela visita.
      Espero que tenha gostado do Blog e que volte mais vezes.

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